ARTILHEIRA E LÍDER: THAMIRIS, ATACANTE DO BOAVISTA, CONVERSA COM O CARIOCADO

Foto: Thiego Mattos/NBphotopress

Em um país onde o futebol feminino ainda não tem o valor que lhe é devido, a prática da modalidade é muito difícil e nem todas as garotas conseguem chegar próximas de seu sonho de jogar profissionalmente, mesmo que tenha plena capacidade para tal. O cenário vem mudando nos últimos anos, com clubes como o Corinthians, Flamengo e Ferroviária mostrando que é possível fazer futebol feminino de alto nível. Ainda assim, com mais empecilhos que no masculino, os clubes de menor investimento sofrem para se tornar competitivos.

Um exemplo de determinação nesse meio é o da atacante Thamiris (33), um dos destaques da boa campanha que o Boavista/Zico 10 vem fazendo no Carioca Feminino de 2021. Em entrevista exclusiva ao Cariocado, a jogadora comentou sobre diversos temas, sendo o primeiro o seu início no futebol. Segundo relatou:

"Eu jogava bola na rua com os amigos, mas meu avô de criação brigava comigo por eu jogar na rua. Assim,  meu primo que na época jogava profissionalmente indicou a escolinha de futsal feminino do Pedra Branca em Senador Camará, bairro do Rio. Acabei atraída para o futebol feminino pelo amor que eu tenho pelo esporte ".

Atualmente, ela vê a estrutura e elenco do Boavista como bons, apesar das limitações. Mas entende que é preciso mais patrocinadores para desenvolver ainda mais o projeto, apesar de já estar realizando muitas coisas. Thamiris também comentou sobre ser uma das mais experientes do time, vendo isso como uma experiência nova para agregar o seu conhecimento com as mais novas, ao mesmo tempo que aprende muito com elas. 

Como toda atleta, Thamiris também teve alguns percalços no futebol. Ela destacou como o momento mais difícil quando teve proposta para jogar fora do país, mas sua mãe interveio na situação por ser filha única. Ao mesmo tempo, sua grande alegria foi conseguir uma bolsa de estudos para entrar na faculdade através do futsal. 

Quando perguntada sobre o cenário atual do futebol feminino no Brasil, a atleta comentou:

"Fico feliz pelo crescimento do futebol feminino, porém fico triste em ver meninas que para realizarem o seu sonho ainda há um longo caminho de consolidação da modalidade. Infelizmente ainda não dá retorno para muitas, ocasionando até a desistência para trabalhar e sustentar a família, pois o futebol não da retorno financeiro à elas."

Pelo Campeonato Carioca, Thamiris e suas companheiras do Boavista/Zico 10 retornam aos gramados no dia 13, em partida válida pela última rodada da competição. Nela, enfrentam o Pérolas Negras


Texto de Hugo Lage
Matéria publicada em 07/03/2020, às 14:00

Comentários
* O e-mail não será publicado no site.
ESTE SITE FOI CRIADO USANDO